Manifestação artística tecida em rede colaborativa
Toda parceria que se preze em tempos carnavalescos abre alas para gerir, nutrir e parir uma nova manifestação.
Despretensiosa, a proposta da marchinha colaborativa emergiu de modo espontâneo, criativo e nada linear. Como fundir a música caipira às formas pré-clássicas e emergir as bachianas brasileiras de Villa-Lobos.
O projeto nasce de um cruzamento entre artistas, suas artes e gêneros; musical, textual e visual. O próprio título Mister Octopus Filarmonicusxy é uma consequência que surge a partir da primeira imagem de um polvo e seus tentáculos abarcando os corpos entrelaçados e sem graça. Do contexto em que o homem sobre a mulher representam as corporações comendo as montanhas, o sistema dominando os servos, há uma relação de troca, de benefícios entre as partes, e o sexo, mera formalidade.
A canção composta por Danilo Jovem mistura os ritmos da exata bachianas, com a cadência da marchinha e a expressão marcante do rock and roll. A letra foi inspirada nos impactos gerados pelas mineradoras e as tragédias ocorridas em Minas Gerais.
Ao iniciar a exposição das telas gráficas, a narrativa gradativamente conta a “estória” através da arte das imagens e textos que inspiraram a criação de cada verso da marchinha, composta por Danilo Jovem, Linke Eduardo, Danielle Morreale e Davi Fuzari.
O recado do MOF fica claro na canção e pode ser acompanhado ao longo da identidade visual construída em um grande quadro, com elementos impactantes e análogos da tragédia, em pequenos fragmentos disponibilizados nas redes sociais e incorporados em um clipe de animação que traduz esta narrativa.
A ideia é incentivar a sociedade a refletir sobre todos os impactos devastadores das mineradoras, como a poluição dos recursos hídricos e do solo, além da perda de biodiversidade tanto em relação à fauna quanto à flora, só restando o Pó de Povo.
Mister Octopus Filarmonicusxy – MOF
(Danilo Jovem / Linke Eduardo / Danielle Morreale / Davi Fuzari)
Comendo suas entranhas
com ganância
deixo apenas
pó.
Apenas pó.
Pó de ferrugem.
Pó de povo.
Pó de verde.
Pó de tudo.
Pó de nada.
Sob um sistema
orquestrado
um povo
maltratado
indefeso
ridicularizado
eu furo
deixo apenas
pó.
Pó.
PóPô.
PóPô.
Já não dói mais.
Fura.
Põe Tudo.
Fura.
Pô.
Pó de povo.
Produzido por Jovem Danilo Jovem – voz, baixo, guitarra, teclados
Fred Corrêa – Bateria
Mix Master – Sérgio Duá
Conceito e Design – Danielle Morreale e Linke Eduardo
Filme e Animação – Davi Fuzari
Voz, baixo, guitarra e teclados gravados no estúdio Parafernália por Jovem. Bateria gravada no estúdio 304 por Chico Neves.
Agradecimentos Falcatrua, Chico Neves, Paulo Valle, Skilo Produtora de Som e Camilo Santiago.