Danilo Jovem e Tu, you-you em entrevista para a Revista eletrônica sobre o universo da música pop e suas vertentes.
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Tu, you-you.

Tu, you-you.
Tu, You-You tem por dentro do sol uma constelação de estrelas, ela pode se tornar invisível e mergulhar no eclipse em busca da lua, onde hiberna ao lado do fauno Djami Sezostre, ecossexual, o poeta rasgou com o olhar as margens de oise, Zut, Jovem ficou com uma folha imersa em relvas antes de dissolver o espírito ermo da poesia, Tu, You-You deu um beijo no outono e partiu com uma guitarra na voz.
Um Encontro de Labirintos
Toda busca por uma linguagem própria se dá em um labirinto. Jovem encontrou a sua na não-linguagem da poesia biossonora de Djami Sezostre. A partir de uma simbiose de texturas sonoras e paisagens poéticas, “TU, YOU-YOU” nasce como o trabalho mais Jovem do Jovem. Este trabalho soa como um “primeiro disco” de alguém que é jovem, de alguém que é o Jovem.
A poesia de Djami nasce de um labirinto onírico. É ali que o Jovem “se encontrou”. Talvez alguém já tivesse imaginado esse não-lugar em seus devaneios e não sabia como nomeá-lo, ou não sabia como concebê-lo, ou não conseguia dar forma a ele. O que nasceu desse encontro de labirintos foi um trabalho instigante e singular.
Em “TU, YOU-YOU” Jovem encontrou um lugar imaginado na poesia de Djami com seus tempos quebrados, sua métrica improvável, sua existência quase impossível.
por Francesco Napoli
TU, YOU-YOU.
Sou esse jeans
Cintura abaixo
Jeans, tu, you-you
Sou essa malha
Cintura acima
Malha, tu, you-you
Sou nada, portanto
Jeans, malha, tu, you-you
E all star, tu, you-you
Portanto, uma coca-cola,
40 graus no inferno,
Praia, raia, tu, you-you.
ADEUS
“Em “Adeus” temos uma despedida: Nos mundos desaparecidos foi possível se perder no êxtase. Como nos disse Bataille, o êxtase é impossível na vulgaridade instruída. Djami se despede da condição de humano se dirigindo a deus para dar seu adeus. Jovem encontrou nessa despedida uma oração às avessas na busca pelo profano e do êxtase perdido no mal estar da civilização.”
ADEUS
Deus, adeus, estou muito cansado de ser gente.
Deus, adeus, eu quero ser mineral, vegetal, animal. Mas, Deus, adeus, eu não quero ser mais gente.
Deus, adeus, invés de ser a boca, eu sou a língua.
Deus, adeus, invés de ser a sede, adeus
Eu sou a bebida, Deus, água água água
Deus, adeus, invés de ser a fome, adeus
Eu sou a comida, Deus, égua égua égua
Deus, adeus, invés de ser o desejo, eu sou o sexo. Deus, adeus, invés de ser a natureza, adeus,
Deus, eu sou o ar, adeus
QUARESMA
“Quaresma” traz o Jovem com sua sonoridade mais característica, riffs em uníssono com a melodia passeando pelo texto e aquela prosódia do encaixe. As perguntas dançam no beat e as respostas ficam em um vão que se forma entre o ritmo do texto, da música e as palavras e suas imagens.
QUARESMA
Perguntam-me, o meu nome,
Perguntam-me, onde nasci,
Sou filho de quem, de que família
Perguntam-me, onde moro,
Perguntam-me, se vivo sozinho, Perguntam-me, onde trabalho
Perguntam-me, a minha idade,
Perguntam-me, se meus pais vivem Perguntam-me, se tenho filhos
Perguntam-me, se gosto de animais, Perguntam-me, se gosto de vegetais, Perguntam-me, a cor de um mineral
Perguntam-me, se escrevo livros, Perguntam-me, se planto lírios,
Perguntam-me, se olho pra outras
Perguntam-me, a minha cor,
O meu sexo, a minha fantasia,
Perguntam-me, se acredito na morte.
Se sou Passaru, perguntam-me, em latim vulgar
Se como gente na quaresma
OS MENINOS
“Os Meninos” é uma quase canção em uma fala quase melódica ou uma melodia quase falada. Quase porque o refrão entra em um ataque que o desfaz. Um quase desfeito em ímpetos e quando voltamos ao quase ele já não é mais um quase, mas um almost. Os meninos são oboés e cantam adventícios.“
OS MENINOS
Durante a temporada do solar eu tive posse da solidão e carruagens de seda alimentando o meu espírito.
Durante a temporada do solar eu tive os meninos fugazes! E carruagens de seda, organdi e musselina
rasgando o meu espírito condescendente.
Se a temporada do solar segurasse a tristeza da estiagem para o longe do rio que tenta criar leito em minha face
eu, vago silêncio do nada, buscaria a fonte e a beberia.
E o facho de lume não ganharei na revoada dos pássaros. Revoada de pássaros e peso de abandono!
Passos de morcego e corpo de fantasma em revelação!
Sim, durante a temporada do solar eu era posse dos meninos, aqueles meninos de trigo nos olhos e ouro nos cabelos
e
mares de papéis soltos dentro de minha cabeça.
E hoje eu sou o equilíbrio de uma balança triste,
os meninos são oboés de cristais, e na distância obstinada, a fuga
da estrada do cavalo noturno que cresce e vive tão mal.
Durante o solar a temporada pertencia aos meninos tão adventícios
e o inverno que não era tão amargo
mas exíguo e retardado
aprisionara a partida ao sabor da convulsão do rio
e a convulsão e a água,
onde me destrincho, aprisionado aos oboés de cristais.
O PLANTIO
“O Plantio”, assim como aquele ser feito de inocência e crime que Bataille nos descreveu e nomeou de “Acephale”, traz a voz de um ser que também reúne em uma mesma erupção nascimento e morte. Esperar pela noite para então dormir com esta canção de ninar que te acorda para regar o plantio, a morte, essa carpideira. Jovem mescla o soturno e o delicado em timbres precisos que deslocam o texto e se perdem naquele nada que a poesia abre em nossos corações.”
O PLANTIO
Eu, o plantador de gente,
Plantei o menino na cova
E deixei ele lá na cova, plantado
Alado para dentro da terra
Eu, o plantador de gente,
Plantei a menina na cova
E deixei ela lá na cova, plantada
Alada para dentro da terra
Se eu, o plantador de gente, Vivia de plantar gente, Achei que devia plantar
Também os sonhos
E esperar pela noite
Para, então, dormir
E acordar pela manhã
Para regar o plantio
A morte essa carpideira
AMÉRICA
“América é uma faixa primorosa na qual voz e beat se harmonizam com as palavras em uma interpretação tão bem medida como as suas divisões rítmicas e harmônicas, conseguindo trazer a intenção do texto para a música de um modo muito específico. Não, obrigado. É necessário ser educado para dizer meia palavra basta, meia palavra bosta.”
AMÉRICA
Eu também sou isso, thank, you
O lixo do mundo.
Eu também sou isso, thank, you
O fuso do mundo.
Eu também sou isso, thank, you
A lixaria do lixo do mundo
Eu também sou isso, thank, you
A confusão do fuso do mundo
Uma lixaria que fede
Feito bos-
Uma confusão que fede
Feito bos-
Tá!
Tá!
Entendi. Não posso falar: Ai Ai
No, thank you
CATEQUESE
“Catequese” traz uma melodia simples que desliza em cima do riff e distribui o texto por meio da repetição. Ou não, todos os que estão de acordo com o que vemos e que venham todos, ou não. A melodia do riff tem uma solução quase pueril, que se resolve em um movimento de repouso, daqueles típicos do cancioneiro folclórico que chega em todos por vir antes de todos, inteligentes ou não.”
Catequese
Vamos arrebanhar os fiéis, mas os infiéis também.
Vamos arrebanhar os infiéis, mas os fiéis também.
Inclusive, Senhoras e Senhores, aqueles que traíram
As mães e deixaram as pobres nas ruas da amargura.
Inclusive, Senhoras e Senhores, aqueles que comiam
As irmãs e deixaram as pobres nas ruas da amargura.
Vamos arrebanhar os fiéis, vamos arrebanhar, vamos.
Os crentes ou não. Os incrédulos ou não. As virgens Ou não. As lésbicas ou não. Os milionários ou não.
Os miseráveis ou não. Os pretos. Os brancos. Ou não. Ou não. Hermafroditas ou não. Africanos ou não. Latinos ou não. Europeus azuis. Europeus verdes. Ou Não. Ou não. Americanos burros. Ou não. Bestas ou Não. Gente de qualquer tipo serve para a Congregação.
Jesus está vivo!
Vamos arrebanhar os idiotas, inteligentes ou não. E Vamos passar as próximas férias em Punta Cana…
UIVOUIVOUIVO
“Uivouivouivo” tem uma melodia construída a partir do ritmo do texto, com suas divisões e ambiguidades. As pausas da melodia dão o tom do texto, mas sem entrega-lo, deixando ciência e paciência serem uma coisa só. Vocal metálico que atravessa um dedilhado hipnótico entrecortado por notas espaçadas de mais um daqueles beats bem contemporâneos, desses que se ouve nas músicas dos colegas.
Uivouivouivo
Estar, digo, eu mesmo estar comigo,
Não é fácil, estar comigo requer pa
Ciência e eu sequer tenho paciência Comigo mesmo, portanto, estar co
Migo é não estar com ninguém
Com frequência, para o meu alívio
E o aliviar dos meus sentidos, eu,
Afinal, estou comigo, mas realmente
Nunca estou comigo, suspeito até
Que jamais estive comigo, mesmo
Quando eu vivia antes de estar as
Sim, definitivamente comigo, para
Sempre comigo, perto ou longe,
Maravilha de inferno que é verde
Como um cachorro, uivouivouivo
OS COVARDES
“Os Covardes” é a porrada do disco! um Jethro Tull ensolarado com um vocal ao estilo Jorge Du Peixe em um arranjo que mimetiza a insistência prolixa do texto. Tudo se desmancha em reverbs de pratos e repetição de um tempo inclassificável, um tropeço que se repete incessantemente, mas nunca cai. A mais pura covardia, mas a pureza é um mito. Depois da covardia, vem a coragem.
OS COVARDES
Nonada dos C
ovardes, Macabéa dos Co
vardes, Capitu dos Cov
ardes, Lori Lamby dos Cova
rdes, Onze Mil Virgens dos Covar
des, Cachaprego dos Covardes, Assim viviam nossos antepassados dos Covardes,
Fluxo da Senhora dos Covardes, Tremor da Vertigem dos Covarde
s, Xamã das Confissões dos Covardes, Trevo dos Covardes, Cruz d
os Covardes, Rimbaud dos Covardes, Rainbow dos Covardes, Alcaçuz dos Covardes,
Deus e o Diabo na Terra do Sol dos Covardes, Abaporu dos Covardes,
Buceeta dos Covardes, O cu dos Covardes, A cor da covardia dos Covardes,
Ninguém dos Covardes,
Bandeira dos Covardes, O grito dos Covardes, Manifesto dos Covardes,
A Serpente dos Covardes, Pampulha dos Covardes, Caju da África dos Covardes,
Paria Verde da Lonjura dos Covardes, Laranja do Condado dos Covardes,
Eu profundo dos Covardes, Medula do Espantalho dos Covardes, Don
a Doida dos Covardes, Os Cantos dos Covardes, Consumo dos Covardes,
Hiena em febre dos Covardes, Geena dos Covardes...
GROOVE
“Groove” é uma faixa que pede coragem. Sílabas que parecem saídas da boca de um bebê que está aprendendo a pronunciar e sente a língua bater no céu da boca, mas não o da da non sense do dadaísmo, mas sim uma retorno à fala primeva, o balbuciar que existe antes de todas as palavras, a essência do que Djami Sezostre chama de poesia biossonora. Tudo isso com muito delay, pratos e viradas de uma bateria gorda que preenche tudo como as bochechas de um bebê de sorriso imenso, pra tudo terminar com a guitarra do Xexéu em um solo confortavelmente dopado.
GROOVE
rá rá gu rá rá ku rá rá ru rá rá rá rá ru rá rá ku rá rá gu rá rá
ai ai xiz ai ai xiz rá rá xiz ai ai rá rá xiz rá rá xiz ai ai xiz ai ai ai ai xiz ai ai xiz rá rá xiz ai ai
rá rá gu rá rá ku rá rá ru rá rá rá rá ru rá rá ku rá rá gu rá rá
ai ai xiz ai ai xiz rá rá xiz ai ai rá rá xiz rá rá xiz ai ai xiz ai ai ai ai xiz ai ai xiz rá rá xiz ai ai
rá rá gu rá rá ku rá rá ru rá rá rá rá ru rá rá ku rá rá gu rá rá
Ficha Técnica
Produzido por Danilo Jovem e Sérgio Duá
Poemas de Djami Sezostre
Voz, Guitarra, Baixo, Violão, Teclado
Danilo Jovem
Bateria
Glauco Mendes
Guitarra solo em “Groove”
Gabriel Guedes
Mixagem e Masterização
Antoine Midani
Foto
Paulo Valle
Design
Linke
Se liga
Tu, you-you. Um Encontro de Labirintos
Toda busca por uma linguagem própria se dá em um labirinto. Jovem encontrou a sua na não-linguagem da poesia biosonora de Djami Sezostre. A partir de uma simbiose de texturas sonoras e paisagens poéticas, “Tu You You” nasce como o trabalho mais Jovem do Jovem.
Show de lançamento Tu, you-you
Os synths eletrônicos espaciais atuam como buracos negros imperdoáveis. Os violões de aço dançam em harmonias construídas em labirintos e a poesia musicada, com expressões ácidas e mordazes, confere o tom satírico de um disco sem meias palavras.
Videoclipe – Tu, you-you
Em “Tu, You-You” Jovem encontrou um lugar imaginado na poesia de Djami com seus tempos quebrados, sua métrica improvável, sua existência quase impossível.
Mister Octopus Filarmonicusxy
A ideia é incentivar a sociedade a refletir sobre todos os impactos devastadores das mineradoras, como a poluição dos recursos hídricos e do solo, além da perda de biodiversidade tanto em relação à fauna quanto à flora, só restando o Pó de Povo.
Esperando Godot
Um clipe, uma cidade, muitos caminhos. Esperando Godot é uma experiência imersiva e interativa pela cidade de Belo Horizonte.